15 santos homossexuais e as suas histórias notáveis

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Stephen Reese

    A Igreja Católica normalmente reverencia os santos pela sua santidade e virtude. Esta tradição excluiu ou marginalizou os indivíduos LGBTQ+ durante muitos séculos. Actualmente, a Igreja é mais reflexiva e tende a reflectir sobre a sua história e crédito LGBTQ+ Alguns destes indivíduos incluem figuras a que podemos chamar santos homossexuais.

    Não podemos ignorar que o nosso mundo se está a tornar mais aberto, diversificado e acolhedor das diferenças. Chegou o momento de discutir as diferenças em todas as suas formas, especialmente as relacionadas com a sexualidade e o género. Não podemos compreender plenamente o cristianismo sem discutir o género e a sexualidade, porque estes conceitos levaram alguns santos a dar alguns dos maiores exemplos de fé e devoção.

    Este artigo explora as vidas e lendas de santos LGBTQ+, examinando a forma como a sua fé e sexualidade ou identidade de género se entrelaçaram. Continue connosco e investigue como a Igreja geriu a noção de santos LGBTQ+.

    Note-se que nem todos estes santos eram abertamente LGBTIQ+ e que, para alguns deles, só podemos saber através de relatos históricos rígidos. Ainda assim, é importante abrir o tópico sobre o lugar dos indivíduos LGBTQ+ na Igreja actual.

    1. São Sebastião

    Conjunto de oração de São Sebastião. Veja isto aqui.

    Como cristão dedicado, São Sebastião passou a sua vida a espalhar o Evangelho. Passou os seus primeiros anos em Narbonne, na Gália, actual França, por volta do século III d.C. São Sebastião também serviu no exército romano pelo menos uma vez.

    Apesar da sua fé, Sebastião subiu na hierarquia militar e tornou-se capitão da Guarda Pretoriana, mas o seu empenhamento na sua religião acabou por se traduzir em grandes maus tratos: o facto de se declarar abertamente cristão em Roma era considerado uma ofensa capital.

    De acordo com algumas fontes, Diocleciano favoreceu-o e até lhe deu um posto de alta patente no exército. A recusa de Sebastião em denunciar as suas crenças resultou na sua execução, apesar do seu forte empenho na sua Foi condenado à morte com o disparo de um esquadrão de arqueiros.

    No entanto, curiosamente, sobreviveu a esta provação e foi cuidado de novo por Santa Irene. Depois foi confrontado com o imperador romano Diocleciano, mas foi espancado até à morte. O seu corpo foi atirado para um esgoto, mas mais tarde foi recuperado por Santa Luzia. O legado de São Sebastião sobreviveu ao seu brutal assassinato e as pessoas ainda o veneram como mártir e santo.

    Actualmente, São Sebastião é um ícone LGBTIQ+ pela sua coragem em assumir-se como cristão, e as pinturas retratam-no frequentemente como excepcionalmente belo e devoto da fé e de Cristo.

    2) Santa Joana d'Arc

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    Santa Joana d'Arc é outro ícone LGBTIQ+ que recordamos pelo seu entusiasmo incansável e pela sua fidelidade inabalável ao seu país.

    Joana d'Arc nasceu em Domrémy, França, em 1412, onde cresceu no seio de uma família católica devota. A sua audição das vozes de São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida começou quando tinha 13 anos, e estas disseram-lhe para conduzir o exército francês à vitória na Guerra dos Cem Anos contra os ingleses.

    Joana d'Arc persuadiu o príncipe herdeiro Carlos Valois, apesar da oposição do seu povo, a liderar o seu exército. Vestindo trajes masculinos, lutou corajosamente ao lado dos seus camaradas, ganhando a sua reverência e estima. Os ingleses capturaram-na em 1430 e julgaram-na por heresia. Joana d'Arc manteve as suas crenças inabaláveis, apesar de ter suportado torturas e sofrimentos insuperáveis.

    Os historiadores especulam que Joana d'Arc era lésbica ou trans porque, segundo consta, partilhava a cama com mulheres e recusava-se a casar com um homem.

    Os ingleses consideraram-na culpada e queimaram-na na fogueira em 1431 por usar roupa de homem A sua história continua a inspirar pessoas em todo o mundo, e a sua coragem inabalável e o seu empenho nos seus valores são uma recordação pungente da determinação humana.

    3. São Sérgio e Baco

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    O cristianismo considera os santos Sérgio e Baco como figuras inspiradoras que demonstraram uma fé inabalável e dedicação mútua. Ambos eram soldados do exército romano na Síria, por volta do século IV d.C.

    Sergius e Bacchus eram indivíduos profundamente religiosos, apesar do seu envolvimento militar, e o amor profundo que partilhavam levou alguns estudiosos a colocar a hipótese de um envolvimento romântico entre eles.

    Os santos Sérgio e Baco morreram pelas suas convicções e pela sua parceria. A lenda conta que se meteram em sarilhos pela sua persistente adesão ao cristianismo, o que os levou à tortura e à prisão. A punição comum para os criminosos da época era a decapitação. Baco morreu após a tortura e Sérgio morreu por decapitação enquanto vestia roupas de mulher.

    Apesar dos tormentos e das perseguições, Sergius e Bacchus não vacilaram na sua fé e no seu amor um pelo outro. A sua história é um testemunho crucial de fidelidade e dedicação entre parceiros homossexuais.

    A comunidade LGBT celebra os Santos Sérgio e Baco como padroeiros e símbolos de amor e aceitação. Mesmo quando confrontados com perseguições e adversidades, a sua fé e amor perseveraram, como mostra a sua história inspiradora.

    4) Santa Perpétua e Santa Felicidade

    Santa Perpétua e Santa Felicidade Veja isto aqui.

    Perpétua e Felicidade eram amigas norte-africanas, que hoje são exemplos de devoção apesar das dificuldades, viveram no século III d.C. e hoje são consideradas padroeiras dos casais do mesmo sexo.

    Perpétua e Felicidade converteram-se ao cristianismo e receberam o baptismo. Esta atitude ousada não era apenas perigosa e audaciosa, uma vez que o cristianismo era ainda uma religião nova, perseguida por muitos em Cartago.

    Um facto interessante sobre Santa Perpétua é que ela tinha visões de si própria transformada em homem, razão pela qual, hoje em dia, as pessoas transgénero se inspiram nela. Felicidade e Perpétua tinham uma ligação íntima e, embora não esteja confirmado, podem ter partilhado sentimentos românticos uma pela outra.

    A sua fé acabou por levar à sua perseguição. Após a sua detenção, foram presos e enfrentaram torturas e condições brutais. Apesar disso, mantiveram-se firmes nas suas convicções e recusaram-se a negar a sua religião ou uns aos outros.

    Perpétua e Felicidade foram executadas depois de terem sido atiradas para uma arena com uma vaca selvagem, em Cartago, e a sua história tornou-se um símbolo do martírio e da devoção cristã.

    5) Santo Polieuto

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    São Polieuto foi um corajoso soldado romano e mártir cuja história inspirou inúmeras pessoas ao longo dos séculos. Polieuto, nascido no final do século III d.C., permaneceu firme na sua fé cristã apesar das perseguições.

    Os académicos especularam que Polieuto poderia ter tido um parceiro do mesmo sexo chamado Nearchus, embora haja pouca documentação sobre a sua homossexualidade. A fé inabalável de Polieuto teve um grande impacto em Nearchus, inspirando-o a abraçar o Cristianismo. As suas últimas palavras para Nearchus reflectem a sua ligação inquebrável: " Lembrai-vos do nosso voto sagrado ."

    Apesar dos perigos de praticar abertamente O cristianismo Na sociedade romana, Polieuto manteve-se firme nas suas crenças. Polieuto desobedeceu à ordem do imperador de oferecer sacrifícios a deuses pagãos Consequentemente, perdeu a sua patente e pagou pela sua devoção à sua vida.

    A história de Polyeuctus é uma importante recordação das lutas e da aceitação do amor entre pessoas do mesmo sexo por parte de alguns dos primeiros cristãos.

    6) Santa Marta e Santa Maria de Betânia

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    Duas irmãs, Santa Marta e Santa Maria de Betânia, desempenharam papéis essenciais no ministério cristão primitivo. Alguns especulam que, apesar de a sua sexualidade não ser discutida na documentação histórica, elas podem ter tido uma relação romântica com o mesmo sexo.

    De acordo com a Bíblia, a filha de Marta força A sua hospitalidade e o seu sentido prático, enquanto Maria era devota e desejosa de aprender com Jesus.

    A história do jantar que Marta e Maria ofereceram a Jesus é uma anedota esclarecedora. Durante a preparação da refeição por Marta, Maria sentou-se aos pés de Jesus e ouviu os seus ensinamentos. Quando Marta se queixou a Jesus de que Maria não a estava a ajudar, Jesus recordou-lhe gentilmente que Maria tinha escolhido dar prioridade ao seu crescimento espiritual.

    Segundo a tradição, Marta viajou para França e fundou uma comunidade de mulheres cristãs, enquanto Maria permaneceu em Betânia e tornou-se uma professora e líder venerada.

    Alguns afirmam que muitas lésbicas viveram como "irmãs" ao longo da história, e Maria e Marta são óptimos exemplos de lares não tradicionais.

    A imagem de Marta e Maria como líderes e professoras importantes na Igreja cristã primitiva não é afectada pelo facto de terem ou não uma relação com o mesmo sexo. O seu exemplo inspira mulheres de fé em todo o mundo.

    7) Santo Aelredo de Rievaulx

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    Falemos de São Aelred de Rievaulx, uma figura influente na história medieval inglesa, cuja vida foi de profunda fé. Com base no que sabemos, São Aelred era homossexual. Nasceu em 1110 em Northumberland e tornou-se monge cisterciense na Abadia de Rievaulx, acabando por se tornar abade da mesma abadia.

    Aelred deixou escritos homoeróticos e mantinha relações estreitas com amigos homens. O seu livro Amizade espiritual investiga a noção de afecto espiritual partilhado entre os homens, que ele considerava fundamental para favorecer uma ligação mais estreita com o divino. É por estas razões que os estudiosos debate a possibilidade de Aelred ser homossexual.

    Enquanto estas especulações continuam, é importante notar que as realizações espirituais e literárias de Aelred são independentes das suas preferências sexuais. Os seus escritos intemporais sobre o amor, amizade A reputação de Aelred como um abade sábio e compassivo permanece intacta.

    O impacto de Aelred nos debates actuais sobre sexualidade e espiritualidade é importante. Os seus escritos são um consolo para os cristãos LGBTIQ+ que acreditam que o amor entre pessoas do mesmo sexo deve ser santificado e celebrado como uma parte importante da existência espiritual de cada um.

    8) São Bernardo de Claraval

    São Bernardo de Claraval - Veja isto aqui.

    São Bernardo de Claraval é um dos santos mais interessantes da Igreja, tendo nascido em França no século XI e entrado muito jovem numa ordem cisterciense para praticar a sua fé.

    Com base nas suas relações íntimas com homens e nos seus escritos emocionais sobre o amor e o desejo, alguns especialistas propuseram que Bernardo poderia ter sido homossexual ou bissexual. Este abade francês medieval também escreveu poesia homoerótica sobre Jesus e teve uma relação com o mesmo sexo com o arcebispo irlandês Malachy de Armagh.

    Apesar das suas dificuldades, o legado espiritual e literário de Bernardo perdurou ao longo dos séculos. Devoto da Virgem Maria e defensor da Segunda Cruzada, exerceu influência muito para além dos muros do mosteiro.

    O impacto dos escritos de Bernardo sobre o amor e o desejo entrou nos diálogos modernos sobre a sexualidade e a espiritualidade. Os cristãos LGBTIQ+ relacionam-se com os seus escritos sobre o valor espiritual do amor e do desejo.

    9. São Francisco de Assis

    São Francisco de Assis - Veja isto aqui.

    São Francisco de Assis foi um homem comprometido com a Igreja Católica, amante da natureza e de uma vida humilde. Francisco viveu no século XII e, apesar de estar rodeado de parentes e riqueza Por isso, escolheu uma vida humilde onde pudesse servir os outros.

    A ordem franciscana da Igreja Católica, fundada por Francisco, é actualmente um dos grupos religiosos mais dominantes. Acreditava que todos os organismos vivos deviam receber afecto e consideração.

    Apesar de não existirem provas claras de que Francisco era homossexual, alguns académicos sugeriram essa possibilidade devido à representação do amor entre homens na sua obra. Seja qual for a sua orientação sexual, o impacto de Francisco como líder espiritual e apoiante dos desfavorecidos e excluídos faz dele um dos maiores santos. Francisco é "uma figura histórica que se distingue pela sua diversidade de género", de acordo com Académico franciscano Kevin Elphick.

    Outro aspecto que aponta para a sua possível homossexualidade é o facto de, em várias ocasiões, ter praticado o nudismo: Francisco despia-se e dava as suas roupas aos necessitados. Falava muitas vezes de si próprio como uma mulher e era chamado de "Mãe" por outros frades.

    O amor de Francisco pela natureza influenciou os debates em curso sobre ecologia e espiritualidade. A magnificência e a sacralidade do mundo natural foram temas sobre os quais escreveu, e o seu trabalho sobre estes temas ainda hoje influencia as pessoas, que o consideram o santo padroeiro da ecologia.

    Conclusão

    Apesar de alguns pontos de vista controversos sobre a homossexualidade, a Igreja reconhece como santos numerosos indivíduos que eram aberta ou secretamente LGBTIQ+. Estas pessoas proporcionam uma visão intrigante das vidas LGBTIQ+ na história e recordam-nos a diversidade humana.

    As lutas da Igreja com a inclusão e a aceitação têm estas histórias como um poderoso testemunho da diversidade e resiliência do espírito humano. Ninguém pode conter ou suprimir a força do amor disponível para qualquer pessoa que procure a santidade e a virtude.

    Explorando os santos homossexuais, podemos ver que eles tiveram um papel crucial na história da Igreja e da comunidade LGBTQ+ mais alargada no final. A presença de indivíduos LGBTQ+, embora por vezes pareça difícil de acreditar, ainda existe. Estas histórias proporcionam uma compreensão significativa da fé e da sexualidade.

    Esperamos que o legado inspirador destes indivíduos corajosos e empáticos nos motive a procurar uma compreensão, um respeito e uma integração mais profundos. Esperamos tê-lo inspirado a guardar a sua memória e a comemorar os seus feitos, à medida que avançamos para uma sociedade mais justa.

    Stephen Reese é um historiador especializado em símbolos e mitologia. Ele escreveu vários livros sobre o assunto e seu trabalho foi publicado em jornais e revistas em todo o mundo. Nascido e criado em Londres, Stephen sempre teve um amor pela história. Quando criança, ele passava horas se debruçando sobre textos antigos e explorando antigas ruínas. Isso o levou a seguir uma carreira em pesquisa histórica. O fascínio de Stephen por símbolos e mitologia decorre de sua crença de que eles são a base da cultura humana. Ele acredita que, ao entender esses mitos e lendas, podemos entender melhor a nós mesmos e ao nosso mundo.